Vejamos alguns mitos sobre Violação Sexual publicados no site Apoio à Vítima:
"a) Algumas mulheres desejam secretamente ser violadas.
A violação e os outros crimes sexuais devem ser considerados como atentados à liberdade e à autodeterminação das Vítimas, ao seus direitos enquanto pessoas. Devem também ser considerados como Causadores de grande sofrimento psicológico e físico para as vítimas. Nenhuma pessoa deseja ser ultrajada nas suas vontades e nos seus direitos de bem estar, sendo obrigada a sofrer o poder e o domínio de alguém que não a considera como pessoa, mas como objecto a ser manipulado.
Ainda que algumas mulheres possam recorrer à fantasia da violação como expressão da sua sexualidade, tal deverá ser considerado exactamente aquilo que é: uma fantasia. Essa fantasia não terá correspondência com a realidade e, se a mulher pode encená-la com pessoas com quem se relaciona livremente e com as quais estabelece previamente os limites da sua vontade, o mesmo não se passa com a violação ou com outros crimes sexuais, onde ela é vítima efectivamente pois esses limites não existem e a sua vontade, logo os seus desejos reais, não são considerados. Na violação e nos outros crimes sexuais o ofensor desrespeita toda a vontade da mulher vítima e exerce sobre ela um poder e um domínio não desejados por esta;
b) Algumas mulheres merecem ser violadas.
Nenhuma pessoa, seja de que sexo, idade, raça, ocupação, estado civil ou com outras características merece ser vítima de crime. Nenhuma mulher, portanto, merece ser violada ou vítima de outros crimes sexuais, sejam quais forem as suas características pessoais e sociais.
c) Só as mulheres indecentes são violadas.
Nenhuma pessoa, diante da Lei, pode ser julgada decente ou indecente pelos seus comportamentos pessoal e social, se esses comportamentos não ofenderem a liberdade, os direitos e as garantias suas e das outras pessoas. Por isso, não é legítimo julgar, em primeiro lugar, as mulheres pelos seus comportamentos, classificando-as por indecentes ou decentes, e, em segundo lugar, concluir que só as que, devido aos seus comportamentos e, segundo critérios subjectivos, são consideradas indecentes são violadas. Todas as mulheres são potenciais vítimas de violação e de outros crimes sexuais, independentemente dos seus comportamentos.
d) Se foi violada estava a pedi-las, provocou o violador
Nenhuma mulher deseja ser violada ou vítima de outros crimes sexuais, independentemente dos comportamentos que assume pessoal e socialmente, mesmo que estes tenham sido direccionados em especial para a pessoa que veio, posteriormente, a constituir-se seu ofensor. O modo como se veste, como se movimenta corporalmente, como se expressa, as horas do dia em que frequenta locais públicos, os locais que frequenta, as pessoas com quem se relaciona e como se relaciona, o modo implícito ou explícito como se poderá ter insinuado sedutoramente à pessoa que veio a ser seu ofensor, entre outros aspectos, não poderão ser considerados como culpas da mulher vítima, desculpabilizando o ofensor.
Os comportamentos pessoal e social da vítima não poderão ser focalizados, antes deve ser focalizado o desrespeito à sua vontade pelo ofensor no(s) acto(s) criminosos que praticou;
e) As mulheres são violadas apenas por estranhos
As mulheres que são vítimas de violação ou de outros crimes sexuais, têm como ofensores todas as pessoas que desrespeitarem a sua autodeterminação sexual, sendo desconhecidos ou conhecidos, amigos ou familiares, vizinhos, namorados, maridos, companheiros conjugais, pais, irmãos, etc.;
f) Se a mulher tinha com o ofensor um relacionamento sexual anteriormente, a violação não foi tão grave
O relacionamento que tinha a vítima com o ofensor não diminui nem a importância do sofrimento da vítima, nem a gravidade do crime perante a Lei. Não se pode avaliar os danos psicológicos e físicos à luz da relação em cujo contexto aconteceu, porque esses só a mulher vítima sente; tão pouco se diminui a sua importância penal;
g) A resistência da mulher durante a violação é determinante para saber se ela foi mesmo violada
A resistência que teve ou não teve a mulher vítima durante o crime nada revela da sua vontade de estar naquela situação. Ou seja: a vontade da mulher vítima de violação ou de outros crimes sexuais é perfeitamente contrária ao que lhe está a acontecer no momento do crime e a sua falta de reacção física ao ataque pode nada revelar dessa inexistência total de vontade. As reacções da vítima no momento do crime são variadas, podendo ir da luta constante com o ofensor, como à imobilidade total durante o ataque. A inocência da mulher vítima não pode ser desacreditada devido à sua reacção no momento do crime;
h) Uma queixa de violação feita dias depois do acto provavelmente não é verdadeira
A mulher vítima de crimes sexuais nem sempre sobrevive a esses crimes com capacidades psicológicas e físicas para apresentar uma queixa-crime de imediato. O processo de decisão quanto a uma apresentação de queixa-crime poderá ser muito difícil para quem foi vítima de tão penoso ataque. Se a mulher vítima apenas se achou capaz da sua formalização da queixa-crime dois ou mais dias depois do crime não pode ser desacreditada, antes deverá ser compreendida e apoiada." VEJA TUDO