Grupos esotéricos costumam ser autoritários em sua estrutura de poder. O líder tem autoridade suprema, podendo delegar certos poderes à uns poucos subordinados com o propósito de que os membros se submetam aos desejos e ordens do líder.
Os líderes sectários tendem a ser carismáticos, decididos e dominantes. Eles são muito persuasivos e, inclusive, podem convencer seus seguidores a abandonar suas famílias, trabalhos e amizades para segui-los.
Normalmente os líderes são autoproclamados messias e presumem ter uma missão especial na vida. Eles centram a veneração de seus adeptos para si mesmos, ao contrário dos sacerdotes, rabinos, ministros, líderes democráticos e de movimentos realmente altruístas, os quais dirigem a veneração de seus seguidores para Deus, para princípios abstratos ou para o bem comum.
A seitas esotéricas tendem a ser totalitárias no controle do comportamento de seus membros, determinando com detalhes como e em que devem acreditar, pensar e dizer.
No Chile, depois de uma série de denúncias de seitas perigosas uma comissão especial da Câmara dos Deputados foi encarregada de investigar o assunto. Considerou que as organizações têm um "perfil destrutivo", quando se caracterizam por: Fanatismo, obediência incondicional, grupo exclusivo e fechado, líder messiânico revelado.
Com essas características os fiéis rompem com o mundo, especificamente com suas famílias, seus amigos e com o entorno educacional. Eles são condicionados por meio de métodos de violação da dignidade humana e, geralmente, são exigidas condutas indignas, tais como sexualidade pervertida, trabalho escravo, sono diminuído e desprezo pela família e pelos seus valores.
A sexualidade pode ser muito manipulada, particularmente das mulheres, que chegam a exercer uma espécie de "prostituição santa" para que a seita ou o líder consiga mais facilmente seus objectivos.
Ainda na área da conduta, seus membros costumam ser estimulados a agredir e profanar outras igrejas tradicionais e lugares significantes para o cristianismo. Costumam haver profanações de cemitérios, de sepulturas, práticas de necrofilia e de necrofagia e, mais grave ainda, suicídios individuais e colectivos.
Temos visto certas manifestações psiquiátricas serem tomadas por possessões demoníacas ou fenómenos espirituais e, não obstante, o inverso também ocorre, ou seja, fenómenos religiosos e culturais serem tomados por doenças mentais.
Algumas alterações psíquicas podem ser responsáveis por várias formas de visões, alucinações, vozes e crises de dissociação histérica e outras, são confundidas com manifestações religiosas, dependendo do contexto cultural onde se inserem esses pacientes. Aliás, dependendo do meio cultural, tais alterações psíquicas acabam sendo muito bem-vindas e até engrandecem seus portadores.
As principais patologias responsáveis por esses e outros sintomas tomados como espirituais seriam:
Casos de Delírium:
Alucinose orgânica e outras
Transtornos devido ao uso de substâncias psicoativas;
Esquizofrenia e outras Psicoses;
Transtornos do humor
Transtornos Dissociativos
Transtorno de Transe e Possessão
Como bem referem alguns autores, o problema médico que decorre desse engano psiquiátrico-espiritual está no fato desses pacientes terem seu tratamento protelado perigosamente. Alguns meios culturais mais acanhados orientam esses pacientes a "desenvolverem sua mediunidade" e, de fato, acabam desenvolvendo mais ainda a patologia de que padecem. Dependendo da doença psíquica as práticas espirituais podem piorá-la gravemente. De acordo com Hélio Silva, "não me parece que uma mente transtornada venha melhorar com a entrada de algo com personalidade diferente da pessoa que é incorporada, quantas vezes provocando um grau tal de corrupção e domínio que chega às raias do bizarro, do apavorante, etc.".
No caso dos fenómenos culturais e espirituais serem tomados por doenças mentais o que está em jogo é a exaltação da convicção religiosa, compartilhada por um grupo e desencadeadora de transes com visível contaminação aos participantes do grupo. Externamos aqui uma opinião médica, emancipada totalmente da possibilidade dos fenómenos espirituais existirem ou não, lembrando sempre aos leitores que o enfoque médico é apenas uma maneira, dentre muitas, de avaliar a pessoa humana, podendo esta ser analisada pela antropologia, pela estética, pela religião e assim por diante.
Há, mesmo na medicina, pessoas qualificadas para analisar a questão do transe e possessão à luz da espiritualidade. Outros, menos sensibilizados pela espiritualidade, estudam as alterações psicodinâmicas da mediunidade (veja Wellington Zangari). A questão estará eternamente aberta.
Segundo Wellington Zangari, falando da relação entre mediunidade e dissociação, "...Há uma tendência, antiga e actual, em interpretar o fenómeno da mediunidade como um estado dissociativo. O conceito de dissociação tem sido construído diferentemente de acordo com a cultura do pesquisador. O conceito de desagregação, proposto por Pierre Janet, por exemplo, refere-se os fenómenos por meio dos quais duas ou mais ideias ou estados de consciência tornam-se separados e operam com aparente independência, tal como ocorre com a hipnose, os estados de fuga e a mediunidade. Krippner propõe que a "dissociação envolve a ocorrência de experiências e comportamentos que se supõe existirem afastados, ou terem sido desconectados, da consciência, do repertório comportamental e/ou do auto-conceito. 'Dissociação' é o processo pelo qual essa desconexão ocorre". Hilgard (1992) e Braun (1988) apontaram que a dissociação pode ocorrer em variados níveis, além de não estar limitada a fenômenos disfuncionais. Haveria um continuun entre a dissociação patológica e a dissociação não patológica (veja tudo)."
A chamada "Dissociação Não-Patológica" estaria, assim, condicionada aos estímulos culturais para que a pessoa a desenvolva, até como uma adequação as solicitações de adaptação ao sistema. Dessa forma, já que a adaptação está relacionada à saúde emocional, tais pessoas "adaptadas" seriam perfeitamente normais, apesar de se apresentarem em transe. Nesses casos, apesar da mediunidade dar-se através da, digamos, potencialidade dissociativa (histriónica) do médium, ela obedece sempre os anseios, vocações e valores do grupo social do médium. Serão sempre os elementos sócio-culturais do grupo, da comunidade, ou do sistema que ditarão as características das entidades possessórias evocadas pelo médium e, evidentemente, reflectirão sempre conteúdos mentais do médium ou do possuído.
Alguns países tentam incluir no Código Penal, sob o rótulo de delito de controlo mental, os cultos e seitas esotéricas consideradas destrutivas, apesar das grandes dificuldades encontradas pelos legisladores. Foi difícil, inclusive, encontrar um termo de consenso, o qual parece ter ficado como "Grupo Destrutivo".