Esta vertente procura estudar a questão da violência sob o enfoque bio-psicológico. Nesse prisma a violência estaria relacionada a componentes biológicos e psicológicos, estando a questão social subordinada às determinações da natureza humana. Nesse caso a violência é vista como um fenómeno de carácter universal, independente de movimentos classistas e históricos, porém, atrelada ao ser humano, em sua essência.
Thomas Hobbes (1588 - 1679), filósofo inglês, sugere à primeira vista que a sociedade é que, certamente, fomentaria a violência, descrevendo o meio social como um grande campo de luta competitiva entre indivíduos, grupos e nações. Por outro lado, o mesmo Hobbes conclui que a própria luta representa um fenómeno natural humano.
"O homem é governado por suas paixões e tem como direito seu conquistar o que lhe apetecer. Como todos os homens seriam dotados de força igual (pois o fisicamente mais fraco pode matar o fisicamente mais forte, lançando mão deste ou daquele recurso), e como as aptidões intelectuais também se igualam, o recurso à violência se generaliza".
Para ele as leis não se originavam de um instinto humano natural, nem de um consentimento universal, mas da razão em busca dos meios de conservação da espécie. Portanto, as leis controlariam a violência fisiologicamente presente na natureza humana (Estado Natural do Homem).
Neste enfoque a agressividade humana é entendida como parte do instinto de sobrevivência, tal como o é a forma natural de reacção dos animais em certas condições e situações. Em tais circunstâncias o mecanismo instintivo da agressividade dispararia automaticamente nos animais e nos homens (como animais que nunca deixaram de sê-lo), e os leva a atacar outros da mesma espécie.
Segundo essa ideia (biologia social), os genes humanos reproduzidos de geração em geração, transmitem determinadas formas de reagir em condições ambientais adversas, de forma a garantir a sobrevivência.
Essa tendência biológica tem valor na medida em que prioriza os problemas das pessoas em detrimento dos problemas da sociedade. O conflito humano actual (sempre actual, em qualquer época histórica) seria decorrente da discrepância entre os anseios biológicos (normalmente em busca do prazer) e as possibilidades sociais (geralmente restritas à maioria das pessoas).
As pessoas seriam, segundo esse modelo, sempre incapazes de se adaptar aos ritmos e às mudanças da sociedade. Nesse caso o ser humano tenderia a ser anti-social por natureza, e seu conflito íntimo entre aquilo que quer e aquilo que pode resultaria na tendência em dominar os outros, logo, resultaria na violência.
É na tendência biológica da violência que habitam os conceitos de Personalidade Psicopática, Anti-Social, Dissocial, Criminosa. Através dos elementos constitucionais dá-se o diagnóstico de um Transtorno de Conduta para a criança delinquente ou de Sociopata para essa criança adulta, ou o diagnóstico de Transtorno Explosivo da Personalidade, por exemplo. Biologicamente existiriam pessoas de bom e de mau carácter, assim como existem os histéricos, os deprimidos, os ansiosos, etc.